Falta orientação para crianças e adolescentes sobre pedofilia na internet.
Ana Lúcia Caldas - Agência Brasil
Entretenimento arriscado
O
número de usuários da internet no Brasil, incluindo computadores
públicos em cibercafés e escolas, é superior a 73 milhões, conforme
levantamento feito no último mês de maio pela comScore, Inc, que mede os acessos à rede.
Crianças
e adolescentes de 6 a 14 anos representam 12% desse total e passam a
maior parte do tempo em sites de entretenimento, bate-papo ou nas redes
sociais, como o Orkut e Facebook - um comportamento virtual que preocupa
os pais, principalmente em relação aos crescentes casos de pedofilia.
Hoje
a internet é protagonista de uma verdadeira guerra - contra a
pedofilia, o abuso sexual e a pornografia. Segundo o diretor jurídico da
organização não governamental (ONG) SaferNet Brasil, Thiago Tavares, ao
mesmo tempo em que amplifica o acesso a conteúdos ilegais, a internet
também oferece os meios para descobrir e mapear as redes criminosas.
"A
internet é a grande aliada para a investigação e descoberta das redes
criminosas que veiculam pornografia infantil e desses agressores sexuais
que se utilizam da rede para aliciar crianças", disse Tavares.
Não conversar com estranhos
Como
os pais e educadores lidam com essa nova realidade virtual dos filhos? O
uso da internet requer cuidados para garantir a proteção de crianças e
adolescentes.
O conselho básico que se recebia antigamente para
não conversar com estranhos, não vale para o mundo virtual. O estranho
está dentro dos lares, na lan house da esquina, na escola e até mesmo em uma simples ligação telefônica.
Com 11 anos, Laís Vieira diz que utiliza a internet para "entrar no Orkut e no Twitter", hábito seguido por José Henrique Paranhos, que tem a mesma idade e também usa a rede "para ler e-mails e fazer pesquisas escolares".
A
mãe de Lais, Andréa Vieira, afirma que esse controle é difícil, porque
os jovens passam muito tempo diante do computador. Ela diz que está
sempre atenta sobre quem está na lista da filha nos sites de
relacionamento, como o Orkut. "Se eu vejo que tem algum adulto
desconhecido, mando deletar. Não quero nem saber quem é . Explico sempre
o quanto é importante não conversar com gente desconhecida."
Endereços mais perigosos da rede
O
Orkut e os chats lideram a lista dos endereços mais perigosos da rede,
de acordo com a SaferNet . A ONG possui uma Central Nacional de
Denúncias de Crimes Cibernéticos em parceria com o Ministério Público
Federal. A maioria delas são relacionadas ao Google.
A CPI da
Pedofilia aprovou em 2008 a quebra de sigilo de mais de 3 mil álbuns de
fotos publicados no Google. A empresa teve que repassar dados que
ajudaram a identificar os responsáveis pelas páginas, por causa da
suspeita de conteúdo com pornografia infantil. O Brasil foi pioneiro na
quebra desse tipo de sigilo.
De acordo com Thiago Tavares, da
SaferNet, não existe nenhuma política pública em vigor no país com foco
no combate aos crimes cibernéticos. "Eu estive recentemente no Congresso
Nacional a convite da Comissão Parlamentar de Inquérito das Crianças
Desaparecidas. Os deputados se comprometeram a colocar essa discussão no
âmbito da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Resta saber se vão cumprir
essa promessa ou não", conclui.
http://humbertoosousa.blogspot.com/2010/08/falta-orientacao-para-criancas-e.html